Rio Bonito, 12 de novembro de 2005.
Em qualquer conflito,
Deve-se conhecer o inimigo,
Bem como, seus recursos e território.
Deve-se saber de sua água e comida…
De sua tecnologia e meios de comunicação.
De seu poder de ação e reação.
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Em qualquer conflito,
Deve-se saber as forças e fraquezas…
Sua capacidade de invasão e de aceitação…
Sua manutenção e o movimento das tropas;
Pois, somente, assim,
Haverá a garantia da vitória.
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Entretanto, como se fazer diante duma invasão consensual?
Pois assim é o relacionamento: – Uma invasão.
Ora o indivÃduo ganha, ora o indivÃduo perde território.
Ora ele é obrigado a partir e ceder terreno a terceiros.
Ora ele tem que retornar e reconquistar aquilo que é seu por direito;
Justificando a arte da guerra em nome do amor.
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Pesquisei seu território e sua cartografia.
Conheço seus recursos naturais e suas fraquezas.
Poderia simplesmente invadir e decapitar toda a nação invasora;
Mas, não haveria dignidade isso…
Logo, posicionarei minhas tropas nas nascentes dos rios e dos seus afluentes.
Tomarei as lavouras e diminuirei suas fronteiras.
Só para testar a reação.
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De fato, quero saber se você ainda sente alguma coisa por mim;
Se ainda deseja alguma séria na vida e com responsabilidade.
Quero saber como o relevo e o clima se comportarão diante do meu exército.
Então, se a campanha for promissora,
Começarei minha invasão do norte para o sul;
No intuito de que o inimigo saia sem máculas ou com rancores mÃnimos…
Para que lhe sobrem somente os pés e o chão;
Porque o bom general deve permitir que o inimigo fuja e conviva com a desonra.
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Mas, se o relevo e o clima me recusarem…
Deixarei minhas peças preparadas e armadas nas fronteiras para o momento certo.
Afinal, em tudo nessa vida, existem momentos calculados.
Todavia, se o paÃs e sua nação primitiva me ignorarem,
Partirei para outros paÃses que me proporcionem retornos melhores…
E assim, marcharei de vila em vila…
De provÃncia em provÃncia…
Em busca do lugar certo para edificar a sede do novo governo.
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Outrossim, quando se invade terras ricas e profundas,
Torna-se difÃcil invadir outras…
Quando se apaixona por alguém, pode-se estar dominando o planisfério,
Mas não haverá sentido polÃtico no governo;
Porque faltarão a razão e a emoção…
Faltarão a pena e a cultura…
Faltarão o corpo e o coração…
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E assim, começam as ditaduras,
As monarquias e as demais formas de Estado e Governo.
Homens matam outros pelo poder.
Sentimentos sobressaem outros pelo vazio.
Logo, o bom aprende a esconder o mal…
Enquanto o mal aprende a esconder o bem dentro de si.
Não conseguem ver o equilÃbrio,
Senão, não haveria a invasão, mas a comunhão.
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Após cinco anos de campanha pelo mundo,
Estou retornando com um terço de meu regimento.
A cavalaria tem sede e saudade.
Os mortos preenchem o livro das honras beneméritas.
O tempo e o frio corroeram nossas almas.
As espadas estão enferrujadas de suor e sangue.
Mas, a pilhagem foi rica e grande.
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Como tudo em minha vida,
Estou preparado para mais uma batalha épica,
Desde de que o povo de meu antigo território me convoque,
Lutarei até cair o último soldado,
Enquanto estarei montado em meu cavalo no front.
Porque os generais devem morrer assim:
Com a honra da batalha, mesmo diante da derrota.
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Só gostaria que soubesse, minha terra querida,
Caso o staff conclua que o relevo é  perigoso…
E que a bandeira de socorro não seja hasteada,
Aguardarei a convocação duma terra qualquer,
Que justifique a luta em sua partida;
Pois de que adianta levar a liberdade e o equilÃbrio…
Ao paÃs, cujo povo ainda deseja ser escravo?
Logo, nação assim merece continuar sitiada por mercenários.
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O irônico de todo o nosso processo militar,
É que fomos invadidos,
Enquanto que perdemos nossa integridade…
Eu faria qualquer coisa para voltar e ficar ao seu lado.
Só não passaria por cima de ninguém para isso;
Uma vez que já sofri de tal maldade;
Não desejando retribuÃ-la a ninguém.
Entretanto, não posso ignorar que no momento da invasão,
Também fui invadido e que todo estratagema foi alterado.
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Quando sai em campanha,
Deixei a porta aberta propositalmente…
Calculei e recalculei cada hora, dia e ano, para o retorno.
Esperei a terra natal amadurecer diante das outras invasões.
Esperei encontrar um gigante adormecido,
Que me receberia com o afeto da partida;
Ou que me destruiria com um simples levantar de dedos.
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Esperei o silêncio e a ignorância que recebi de outros povos.
Aguardei a traição e o motim, motivados pela cobiça.
Criei a esperança da compreensão tecnológica e filosófica,
Baseada no acesso global das universidades…
E assim, como o criador de orquÃdeas,
Admirei e reguei meus olhares à distância,
Esperando o momento exato do florescer do lilás ou da violeta.
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Mesmo que dissesse que te amo,
Sei que não faria a menor diferença;
Pois, não recebi uma carta sua durante todos esses anos.
Simplesmente brincamos de invasores e usurpadores de estrangeiros.
Logo, quando um general apaixonado por sua terra…
Não tem mais o direito legÃtimo de retornar,
Só lhe resta se abraçar a primeira centelha de canhão,
E embarcar na primeira fragata para outro continente;
Pois quanto maior for à distância,
Menor será o sofrimento,
Embora a saudade seja um estado de espÃrito.
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Quem sabe,
Se o general não dedique à aliança,
Que deveria ser sua,
À primeira moura de olhos amendoados que aparecer!
E assim, surgiria uma nova civilização,
Baseada na manutenção dos mercenários.
Seria promovido ao tÃtulo de PrÃncipe,
Possuiria um harém e nunca mais pronunciaria a frase: – Eu te amo;
Pois a mesma ficaria contigo na lembrança.
Digo isso; porque, em um rio, só existem as coisas que ficam…
E as coisas que passam.
Por Nadelson Costa Nogueira Junior