Quando comecei a escrever este livro, eu não tinha a menor ideia de onde iria chegar ou o quê alcançar. Simplesmente, fui escrevendo aquilo que via, ouvia e sentia dentro do peito. A questão mais importante é que agora, olhando para a obra pronta e quase acabada; sinto que amadureci minha escrita, meus valores e objetivos. Eu sei que minha escrita poder-se-á ficar esquecida por um longo tempo, mas, chegará o dia em que seu conteúdo será revelado ao mundo, como um conhecimento que se anunciará por si próprio pela interpretação e abstração dos leitores.
Lembro-me duma noite destas em que eu andava de carro perdido com mais duas amigas. A cidade estava totalmente sem luz, enquanto chovia bravamente. Mas, nossas almas carentes necessitavam conversar. Logo, enquanto eu dirigia, conversarmos sobre tudo, até o momento em que o assunto se focalizou na maçonaria e naquilo que eu procurava numa mulher. Lembro-me ainda que estava divagando e dizendo que eu gostaria de encontrar uma mulher que gostasse de receber flores, de passear no parque, tomar sorvete, e que fosse dedicada aos seus valores familiares. Eu dizia também que a religião não fazia a menor diferencia desde que houvesse o respeito mútuo. Sei que, após minutos discursando sobre a mulher ideal, uma das minhas amigas se virou e retrucou: – Nada disso tem valor, se não rolar a química ou sexo. Eu fiquei aproximadamente uns dez minutos pensando naquilo. Minha outra amiga, que estava no banco de trás, havia me perguntado por quê eu estava tão calado. Foi quando, pela primeira vez, eu havia alcançado uma conclusão tosca, mas objetiva: Eu não estava procurando a mulher ideal, mas sim, a vagina virtuosa – o órgão sexual que carrega, consigo, as propriedades da mulher amiga, dedica à família e aos seus valores. Sem dúvida alguma, nada daquilo dito antes teria qualquer sentido sem a satisfação sexual.
Todavia, o questionamento continuou a se propagar pelo silencio da minha alma durante dias e noites; pois eu havia materializado o foco da mulher ideal. Entretanto, já era muito difícil para me relacionar com pessoas conhecidas… Imagine, então, como poderia tratar as mulheres da minha vida como vaginas! A conversa daquela noite foi mui importante para mim; afinal, eu tive a certeza de que gosto de discutir relação e de conversar sobre tudo com minha namorada. Eu prefiro desnudar a alma da mulher numa conversa, do que lhe arrancar a roupa no primeiro encontro. Eu prefiro idealizar o para sempre, a satisfazer-me sexualmente por um único instante. Descobri, naquela noite, que não sou um namorado canalha, e sim, um amigo; pois, nenhum relacionamento terá futuro se não se basear no princípio da amizade e da cumplicidade… Talvez seja por tal motivo que a maioria dos meus amigos de infância tenham se separado.