Eu contei todas as estrelas do céu
E não te vi nas constelações.
Tracei trajetórias de cometas,
E até fiz pedidos às estrelas cadentes.

Esperei sua anunciação e vinda de D’Alva.
Ansiei por sua chegada pela direção de Órion.
E… a cada fim de noite,
O Sol me cegava os olhos e ensurdecia aos ouvidos.

Idealizei sua pele como a mais pura seda.
Escutei sua voz no clamor do sábado.

Procurei-te nas escrituras.
Apertei bem os olhos para te enxergar,
Enquanto fazia a preleção no púpido.
Criando-me como uma nova criatura.

E assim, te olhava no jardim de infância.
Enquanto obteria a paciência de esperar.
Segurei suas mãos que tocavam piano,
E que traziam, aos ouvidos, cantigas de ninar.

Idealizei sua voz como uma oração.
Ajoelhei-me no cansaço dum ganso.

Na hermenêutica, fiz reparos pessoais.
Sinais foram-me enviados através do espírito.
Escutei a trombeta tocar durante o ofício.
Era o Sábado me chamando aos ouvidos.

Pude sentir a criação em gênesis.
Cada átomo do meu corpo se decompôs.
Ora eu era matéria… Ora eu era luz.
E só senti isso; porque era Sábado.

Talvez eu tenha ido onde o ancião não mais alcança.
Talvez a aliança deva se confirmar como uma composição.

Em Segunda Crônicas, capítulo quinto ao oitavo,
Salomão inaugurou o Templo de D’us…
A trombeta tocou e anulou os levitas;
Porque era Sábado.

E assim, cala-me a alma…
Como uma flor que perde pétala por pétala.
Mas, a força da flor sempre esteve ali;
Porque existe o Sábado.

Logo, consigo compreender o Criador e a criação.
Entretanto, não sou mais criatura, mas parte do divino.

Quem vive de projeção é número.
Quem vive de rancor, se torna um mal a si próprio;
Enquanto quem se esconde,
Não terá conhecido mais nada além do seu esconderijo.

Em minha partida, tem aquele gostinho salgado na boca.
Parece que meus lábios estão ressecados.
Estou segurando a pontinha da primeira lágrima
Para demonstrar que nada disso importa.

Mas, lágrima não se segura o bastante.
Ela desce e escorre na fronte.

Não se escolhe quando se chora;
Mas pode-se decidir quanto tempo isso transbordará.

E quanto maior for o amargo no peito,
Maior será a intensidade da lágrima.
Até que os passos diminuem o ritmo,
E as pernas estremecem em covardia.

O poeta tentará não olhar para trás.
Contará que a amada lhe grite: – Espere.
Todavia, mesmo que assim não o faça,
Ele, na esperança de ouvir o pedido, parará.

Desencantada se fará sua alma.
Menor ficará sua chama.

Abandonado, assim, se fará o poeta;
Enquanto, em sua porta, se verá a fila das gazelas.

Durante o tempo determinado,
Manterei minha Casa e minhas orações.
Exaltarei, no silêncio, minha súplica.
Guardarei toda minha força vital no sorriso.

Só não quebrarei a Lei de Moisés,
Porque conheço o tamanho da Mão do Senhor…
E o tamanho dos dedos do mundo.
E foi assim que, como homem, sempre pensei…

E para a amada, só posso deixar a compreensão do tempo;
Além de desejá-la que o Sábado esteja muito além do descanso.

Que o dia seja o dia…
Enquanto noite seja somente a noite.
Que as estrelas continuem em suas respectivas posições.
Que o planeta Terra continue sua epilepsia.

Que o sim seja somente sim.
Que o não seja somente o não.
Que haja o respeito e a obediência.
Que haja o sentido no ser e na comunhão.

Que a Tathiana Ferraz compreenda o tempo certo das coisas;
Enquanto a guardarei, como se fosse o Sábado.

Shabat Shalom!

Author

Escritor, Poeta, Consultor Estratégico em Gestão de Pessoas, Marketing e Análise Sociopolítica, graduado como Tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos, com MBA Executivo em Gestão de Pessoas e RH, MBA em Marketing e Redes Sociais, MBA em Gestão de Projetos e MBA em Gestão Social, especialista em Ciências Políticas, Filosofia, Sociologia e Antropologia. Servidor público de carreira no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro desde 1999, com vasta experiência em gestão e liderança. Como responsável pela Direção do Fórum e Chefe de Serventia na Comarca de Rio Bonito, implementei melhorias que otimizaram processos e impactaram positivamente a eficiência do setor público. Minha formação em Gestão de Recursos Humanos e especializações em Gestão de Pessoas, Marketing e Ciências Políticas me permitem ter uma visão estratégica e humanizada. Atuo com foco na inovação e na aplicação de melhores práticas de gestão, incluindo a experiência com o terceiro setor, para gerar resultados sustentáveis e de valor social.

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