Alguns escritores e poetas se consideram farsantes ou enganadores, uma vez que escrevem aquilo que sentem. Mas a fantasia, embora seja real aos olhos do criador, para o leitor parecerá somente ficção, lirismo, métrica e literatura. Em suma, um conjunto de letras que, em inferência ou não, objetiva dizer algo além das palavras.
Diante da proposta, há diferença entre o jornalista, o editor e o escritor, uma vez que o último escreverá para iluminar sua visão da vida ou para compreender seu apogeu. Em sua linguagem, não há mentira ou pecado, somente a manifestação concreta ou abstrata da sua busca.
Há ilusão e fantasia em minhas palavras, mas a mentira se faz ausente, pois esses vocábulos saem do coração, sem o desejo de dinheiro ou do reconhecimento social. Eles só desejam sair e sacudir as cabeças e corações das pessoas, com ou sem imaginação.
Para piorar a situação da escrita, fica aquela sensação de que o poeta acredita realmente que pode voltar e recuperar o tempo perdido, só porque escreveu coisas lindas e incompreensíveis durante anos. Não… De fato, isso é uma inverdade; pois a escrita é exatamente isso, funcionando como uma justificativa dos atos. O princípio vai muito além dessa simples e infantil interpretação, uma vez que ela serve para testemunhar que, independentemente de quem esteja ao lado da pessoa amada, alguém passou em sua vida e se imortalizou, por si só, em vocábulos e no seu coração. Para o indivíduo que tomar ciência do tamanho dessa graça, tornar-se-á dificílimo o convívio ou a concorrência literária e afetiva, desde que ele aceite a ideia de que continuará um trabalho, que não será terminado. E assim, por causa dos poetas, matrimônios são destruídos e esposas se escondem nos quartos ou nos banheiros para chorar. Isso acontece, porque a escrita é um dom, enquanto o companheiro, no geral, é incapaz de compreender a necessidade que a mulher tem de receber carinho, toques, cafunés e exaltações populares de amor na rua… Isso acontece, porque a mulher gosta de imaginar a valsa com seu príncipe encantado, ser acordada aos beijos antes que parta ao trabalho, ser irritada quando tem que fazer algo muito importante, entre inúmeras outras coisas. Esse fenômeno ataca as mulheres novas e idosas. É um fato social aos olhos do cientista social. É considerado um trauma de insatisfação pelos psicanalistas e uma idiotice pelo resto da humanidade.
O fato é que o cavalheiro poderá enviar bombons, flores, presentes diversos à mulher amada. Entretanto, uma vez que ela se vê influenciada pela escrita dum poeta, não haverá mais volta à realidade. Primeiro, ela aceitará os cortejos por educação. Depois, passará a vê-los como bens de consumo. Mais tarde, verá que qualquer um poderá dá-la isso. Daí, só haverá dois caminhos: se conformar com a realidade e fingir que tudo está lindo, ou lotar sua casa de livros e romances.
Acredite cavalheiro desalmado, caso sua consorte esteja com olheiras, olhando para o lado constantemente, saia contigo, olhando para baixo ou para as estrelas, bem como, esteja demorando muito no banheiro para tomar banho, pode ter a certeza de que algo está errado, enquanto que alguém está se entregando em lágrimas num cômodo isolado do lar ou da alma. E saiba que, quando uma mulher sorrir sozinha no banheiro, é porque existe um poeta ou um palhaço em sua vida… Ser poeta exige essa habilidade também: a arte de fazer as pessoas rirem.
Depois de tudo que foi dissertado, o cavalheiro concluirá que o poeta é um mito, para fazer o sexo com sua amada, ejacular e dormir instantaneamente… Para ficar diante das pessoas sem se preocupar com aquilo que pensam dele, pois ele se tornou um ser comum, que só deseja saciar seu desejo. E assim, nasce aquele dito popular: “A fila anda”. E coitada da mulher, que, geralmente, se ilude com a possibilidade da materialização do poeta e do príncipe encantado na sua frente. Ela fica triste e tenta alcançar o orgasmo no imaginário, pois noventa por cento da cama é uma farsa para a maioria dos mortais.
O que seria da mulher, senão, a existência conceitual do artista e do poeta? – Eu tenho certeza de que essa tendência afeta a maioria dos lares e famílias deste mundo, cujas pessoas são incapazes de fazer carícias em suas parceiras… – E que saudade tenho das mordidas nos lábios de minha escolhida, bem como, beijar seu pescoço e lhe fazer cócegas nas costas e quadril! Infelizmente, para a maioria, os poetas existem, mas são poucos e estão acabando com o transcorrer do tempo. Eles não são somente mentes geniais que escrevem, tendo em vista que possuem sensibilidade e sabem como tocar a alma feminina, ela querendo ou não. E triste será o homem que viver ao lado duma mulher que realmente conheceu um poeta e teve o monopólio de seus carinhos e dedicação; pois ele será uma sombra e somente isso. No máximo, ele dirá “AMOR”, “EU TE AMO”, que são conceitos e conjunções com sentidos pré-montados em nossa história. Ele puxará a mulher pela mão e a levará para algum lugar sem saber se há o consentimento ou não. Ele a terá; porque precisa mostrar a necessidade daquilo que tem. – Talvez seja esse o motivo do final dos casamentos e dos contratos matrimoniais de nosso século: a falta de literatura ou de imaginação.
De fato, coitado será o homem que estiver à sombra dum poeta, pois, caso não lhe haja o dom, sua vida será um fracasso, porque as mulheres sempre comparam tudo entre si.
A mulher que tiver seu poeta, o mantenha vivo; pois o recurso está escasso. Àquela que não tiver, que compre muitos livros de banheiro ou de cabeceira, talvez a ajudará no momento da frustração. Entretanto, agora consegui compreender porque os homens gostam muito de revistas de mulher pelada, enquanto que as mulheres se dedicam à literatura; pois, enquanto a mulher quer a qualidade em um único homem; o homem deseja a quantidade imensurável de mulheres. E, até nesse ponto, o poeta tem importância considerável; pois tanto a prostituta quanto o garoto de programa precisarão ler algo sobre sentimento para realizar seus clientes. Logo, no final, o poeta acaba saciando a todos, com suas limitações física-culturais ou não. Diante disso tudo, uma coisa é certa: – Eu sou poeta e tenho ciência do tamanho de minha graça e do meu valor diante do mundo. Sei que sou imortal e que o meu lugar ser-se-á na cabeceira da cama de alguma mulher ou em seu banheiro. Mas, diante de tamanha magnitude, gostaria de ficar somente na sua cama e de fazer parte de sua vida como o poeta humano, e não, o poeta celulose; porque qualquer analfabeto rabisca papel.
Escritor, Poeta, Consultor Estratégico em Gestão de Pessoas, Marketing e Análise Sociopolítica, graduado como Tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos, com MBA Executivo em Gestão de Pessoas e RH, MBA em Marketing e Redes Sociais, MBA em Gestão de Projetos e MBA em Gestão Social, especialista em Ciências Políticas, Filosofia, Sociologia e Antropologia. Servidor público de carreira no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro desde 1999, com vasta experiência em gestão e liderança. Como responsável pela Direção do Fórum e Chefe de Serventia na Comarca de Rio Bonito, implementei melhorias que otimizaram processos e impactaram positivamente a eficiência do setor público. Minha formação em Gestão de Recursos Humanos e especializações em Gestão de Pessoas, Marketing e Ciências Políticas me permitem ter uma visão estratégica e humanizada. Atuo com foco na inovação e na aplicação de melhores práticas de gestão, incluindo a experiência com o terceiro setor, para gerar resultados sustentáveis e de valor social.