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Se não houvesse a mãe,
Não haveria o pai e nem o filho.
Se não houvesse o lar,
Não haveria a família.
Se não houvesse a família,
Não haveria a ordem.
Se não houvesse a ordem,
A sociedade seria uma catástrofe.

Se não houvesse o arroz,
Não haveria o feijão.
Se não houvesse a religião,
Não haveria a ciência.
Se não houvesse a competição,
Não haveria a qualidade de vida.
Se não houvesse a comparação,
Não existiriam os adjetivos.

Se não houvesse a escrita,
Não existiriam os livros.
Se não houvesse a moda,
Não haveria o moderno.
Se não houvesse o moderno,
Não haveria o contemporâneo.
Se não houvesse a arte,
Não haveria a criação.

Se não houvesse a estória,
Não haveria o conto.
Se não houvesse a realidade,
Não haveria a crônica.
Se não houvesse a verdade,
Não haveria a mentira.
Se não houvesse o romance,
Só existiriam os documentários.

Se não houvesse a cor,
Só haveria contraste.
Se não houvesse a forma,
Nada seria possível.
Se não houvesse o sonho,
Só haveria o sono.
Se não houvesse o cansaço,
Somente trabalharíamos!!!

Se não houvesse o rico,
Não haveria o pobre.
Se não houvesse o capital,
Não haveria o trabalho.
Se não houvesse o planejamento,
Não haveria a produção.
Se não houvesse o cobre,
Talvez não existisse o zinco.

Se não houvesse o rei,
Não haveria a revolução.
Se não houvesse a ideia,
Não haveria o ato.
Se não houvesse o ato,
Não haveria a potência.
Se não houvesse a atitude,
Não haveria a reação.

Se não houvesse o usuário,
Não haveria o tráfico.
Se não houvesse a propina,
Não haveria o corrupto.
Se não houvesse a política,
Não haveria o Estado.
Se não houvesse o Estado,
A maldade não teria sentido.

Se não houvesse o fogo,
Não haveria o calor…
Se não houvesse a dor,
Não haveria a cura…
Se não houvesse a religião,
Não haveria razão.
Se não houvesse Deus,
Tudo estaria perdido.

Se não houvesse juízo,
Não haveria o pecado.
Se não houvesse o pecador,
Não haveria a culpa.
Se não houvesse o culpado,
Não haveria sentença.
Se não houvesse a morte,
Não haveria a vida.

Se não houvesse a miséria de espírito,
Não haveria a pobreza material.
Se não houvesse a fome,
Não haveria a ganância.
Se houvesse o conflito,
Não haveria a inveja e a cobiça.
Se não houvesse o desejo,
Não existiriam a guerra e a ignorância.

Se não houvesse o abuso,
Não haveria a intolerância.
Se não houvesse a maldade,
Não haveria herói.
Se não houvesse motivo,
Não haveria o crime.
Se não houvesse o desigual,
Não haveria o normal.

É assim que nos distinguimos de todos os bichos;
Tornando-nos escravos da diferença;
Constituindo leis para que sejam quebradas;
Saciando-nos o prazer…
Através da desgraça alheia;
Vivendo em plenitude a diversidade;
Usando como referência o singular…
Sendo etnocêntricos na mesma sociedade.

Se não houvesse o senhor,
Não haveria o escravo.
Se não houvesse o ócio,
Não haveria o cio.
Se não houvesse você,
O Eu não existiria.
Se não houvesse o cheio,
Não haveria estômago vazio.

Se não houvesse tudo isso,
Não haveria a vergonha.
Se não houvesse a vergonha,
Simplesmente seria um bicho…
Devorador de outros animais…
Seria mais um…
No ciclo vicioso da evolução!!!

A cidadela se encontrava sitiada
Pelos bárbaros pagãos…
A multidão, desesperada,
Batia à porta da prefeitura…
Não pelo medo da fome ou da morte,
Mas pela possibilidade…
Do mundo deixar de ser cristão.

Os mecenas compravam os soldados
Para protegerem, não suas vidas,
Mas a arte explorada de seus artistas…
Estes, por findo, se abraçavam aos quadros
E às esculturas femininas sem cabeça.
A idolatria tomava todo o reino,
Enquanto que todos aclamavam o milagre em desejo.

De vento em pompa,
Veio voando da abóbada do teatro
O vislumbre de Vênus com suas vestes azuis.
Seu corpo encouraçado de brilho e beleza,
Encontrava-se elevado sobre o útero dos fracos,
A ostra, que, no interior, trazia consigo a pérola negra,
Que atraí a ganância dos homens,
Mas não reflete sensibilidade da luz.

Então a deusa passou pela multidão
E parou exatamente no centro do bulevar.
Num único gesto, ela estendeu a pérola, dizendo:
– Aquele que tiver a coragem de Perseu,
Que pegue sua espada e lute;
Pois o prêmio será o calor eterno da paixão;
Podendo o mesmo escolher qualquer mulher como esposa.

Viam-se os homens de olhos radiantes,
Hipnotizados pela beleza do amor personificado;
Mas essa não era uma época áurea de guerreiros valorosos
Ou de homens que falassem com deuses.
A luta já era praticada pelo medo e pela desesperança.
Assim poderia haver, sequer, um homem com alma de diamante?
– Perguntava-se a deusa já quase que decepcionada.

O vento suave rompeu a praça,
Enquanto que a deusa se virava,
Movimentando, quase que numa sinfonia,
Seus cachos dourados, que brilhavam como o sol.
Ela abaixava o braço, se preparando para partir,
Quando, do nada, lhe surgem o encanto e a ironia:
– Um fidalgo idoso e decadente; pois…
Suas vestes estavam em farrapos e encardidas.

– Perdoe-me o atraso, Mademoiselle…
Todavia, o corpo não acompanha mais
A virtude do espírito, como muito menos,
O calor alvoroçado de meu coração.
Outrossim, vo-la peço desculpas pelos trajes…
Como também pelo linguajar indigno…
Jaz mui tempo que não falo com os deuses.
– Dizia o fidalgo com o sorriso de criança.

– Que ironia de Zeus!!!
Venho até aqui para conseguir um herói,
Mas, pelo que vejo, só me enviaram um poeta.
De loucos o mundo está cheio,
Mas nem os loucos de hoje são…
Tão lunáticos como de outrora.
Por tal motivo, o esquecimento é certo para mim
E para os demais deuses do Olímpio.
– Afirmou Vênus em voz alta perante o povo.

No mesmo instante lhe retrucou o fidalgo:
– Vênus, deusa do amor, da beleza e da fertilidade…
Não chores pelo inevitável, mas mantenhas viva sua chama.
Lutarei contra os árabes e os pagãos e abro mão
Da pérola e da esposa resguardada…
Só lhe apresento um desejo:
-Quero-te um único doce beijo e depois partirei.

– Soldados abram os portões da cidade!
– Ordenou o fidalgo sem mesmices.
Quando os portões foram abertos,
Só se escutava o barulho comum da natureza;
Pois no âmago da burrice,
Não havia inimigo para lutar…
Até mesmo para a deusa,
As coisas se apresentavam sem clareza.

– Quem és tu, fidalgo?
– Perguntou a deusa desconfiada;
Pois somente um deus teria tamanho poder
De fazer aparecer e sumir uma legião inteira
Num piscar de olhos.

– Sou um dos filhos fugitivos de Cronos.
Fui amparado em segredo por Gaia.
Ando pelos reinos de Hades, do ar, da água e da terra.
Meu domínio está sobre todos, deuses e humanos.
Apareço na alegria e na tristeza,
Na saúde e na guerra.
De certa forma, Afrodite,
Sou seu amante anônimo e quase seu irmão.
Tudo que faço só tem sentido contigo,
Como o mesmo contigo em relação a mim.

– Todos os deuses cairão, como os Titãs.
Todo o Olímpio terá seu fim…
Sua conotação será um mero registro da história humana.
No futuro, os diamantes acabarão…
Assim, como a beleza, a juventude e a vida…
Nós seremos os únicos sobreviventes dessa alegoria;
Pois a humanidade começa e termina sob o afago de nossos dedos.

– Tu és a lua, eu sou o sol.
Tu és o céu, eu sou as estrelas.
Tu és o beijo, eu sou o medo.
Tu és o sonho, eu sou a fantasia.
Tu és o pó, eu sou a pedra.
Tu és o tudo, eu sou o vazio.
Tu és o sim, eu sou o não.
Tu és o sono, eu sou a espera.
Tu és o começo, eu sou o fim.
Tu és o Amor, enquanto que me chamo Solidão.

– Não fales minha querida…
Não sejas imprudente como a paixão carnal.
A humanidade precisa de ti para viver,
Enquanto que necessito somente…
De seu doce beijo para fantasiar…
E preparar os solitários para te receberem
Na plenitude do espírito;
Pois só valorizam o amor,
Aqueles que o conheceram tampouco.
– Disse o deus idoso à soberana Afrodite.
A deusa ficou parada,
Olhando para a Solidão,
Que segurou sua mão e lhe deu…
Um leve beijo nos lábios.
Logo após, o deus simplesmente…
A cortejou; dando-lhe um botão de rosa,
e montou no seu bucéfalo;
Seguindo para fora da cidade.
A deusa, simplesmente, desapareceu chorando;
Abandonando a pérola por entre a multidão;
Levando, no lugar, a flor.

* * *
Foi assim que nasceu a arte do cortejo
Através do buquê de flores…
Pelo menos, na minha humilde concepção.

Todavia, aqui estão escritas palavras…
Que não passarão de meras palavras…
Chaves falhas das relações cotidianas,
Que nos envolvemos durante todos os instantes.

Ora vem o mar, Ora vem ar,
Ora vem a terra; mas nunca vem o amar.
E nos atrevemos quase sempre a dizer…
Aquelas coisas que nunca deveriam ser ditas…
Aquelas palavras que certamente alguém as usará contra a nós mesmos
No momento de total desespero.

Chamaria esse sentimento de amor?
Chamaria meus objetivos de Utopia?
Diria que o meu trabalho é minha vida?
Não; pois aqui eu renego a tudo.
Desqualifico minha classe e minha categoria.
Abdico os totens racionais dos empíricos.
Renego qualquer tipo de lei que me limite como indivíduo.

E, no âmbito do afeto, abraço todos os presentes;
Dando-lhes beijos e sorrisos…
Dito-lhes minhas propostas:
– Vamos fazer nada… Nada daquilo que nos impeça de sonhar.
– Vamos construir novas estruturas, novos caminhos.

Mas quando vos digo novos caminhos,
Não penso em continuar o caminho de nossos pais…
Penso na realização de um caminho abstrato racional
Que se deixe interpretar por qualquer indivíduo,
Por qualquer cidadão ou ocasião.

Quando eu penso em novas estruturas,
Imagino, não a continuação da nossa história farda;
Mas na iniciação nula de um estilo de época avançado
Sem drama ou melodia determinada…
Afinal, as coisas acontecem como uma mera manifestação do acaso.

Abro mão de minha cidadania,
Dos meus ideais de decência…
E da minha apólice de seguros pessoais,
Se a partir deste instante,
Eu não poder olhar para o céu e dizer:
– Sou um Artista.

Mas isso é pouco para uma figura catalisadora de idéias.
Ser é condição de Manifestação,
E Manifestações vão, Manifestações são esquecidas…
Manifestações morrem.

Sou muito mais que uma manifestação;
Pois eu sou parte do vento e da chuva.
Sou a continuação daquilo que ainda não veio.
Afinal, como a humanidade,
Eu estou com as trevas e abaixo de Deus.

Como os artistas presentes,
Eu afirmo que não sou uma manifestação.
Pois estamos acima das normas e dos valores…
Somos nós que iniciamos as grandes revoltas, as ditas Revoluções.

Aqui eu ratifico:
– O mundo não é nada sem a nossa inspiração.
– O Homem não é nada sem o ar de nossa graça.

Não somos uma mera manifestação do acaso.
Não somos amigos do belo.
Não somos o caminho da perfeição…
Somos meramente o inconsciente das sociedades…
Somos poetas, pintores, músicos, teatrólogos…
Somos a exuberância da expressão humana.

Por Favor, criaturas do futuro,
Não nos confundam com os intelectuais,
Muito menos com as crianças,
Por que nós somos a Arte por si mesma.

Existem momentos em que a alma se encontra tão distante e tão solitária, que qualquer ruído pode significar um instante de esperança ou de medo da incerteza…  É a partir de tais sentimentos que os objetos passam a ter vida, memória e necessidades…  É a partir do equilíbrio moral entre sentimentos tão antagônicos, que nasce a simbologia, onde alguns objetos passam a ter muito mais que meros significados, mas virtudes.

Existem dois pares de luvas brancas os quais significam a pureza, o compromisso com Deus, com a Pátria e com a Família…  Muito mais do que isso, os Pares me chamam a atenção aos deveres e responsabilidades para com a Sociedade…  Eles representam a luz e a virtude que devem emanar do fundo da alma humana a qual tem o compromisso divino de  cuidar carinhosamente da criação.   E assim, os irmãos cuidam de seus irmãos, simplesmente, porque, na verdade, só podem existir a comunhão e o amor.

Um dos pares de luvas eu carrego comigo no intuito de manter vivo o sentimento e a responsabilidade que me cabe como cidadão e como Irmão…  E que o meu par nunca se suje;  pois ele é a simbologia de minha virtude e de minha alma…  Que o meu par nunca se perca em juízo e que passe de pai para filho, de geração a geração.

O segundo par tem o mesmo sentido e objetivo do primeiro, mas ele não me pertence;  embora  o carregue comigo intensamente.  O segundo par de luvas pertence a alguém que pode estar em Jerusalém, Tóquio, Londres, Bagdá ou até mesmo em Rio Bonito… A dona dele pode morar em alguma dessas cidades do mundo…  Ela pode até ser minha vizinha ou ter estudado comigo o colegial inteiro…  Na verdade, eu não a conheço, embora a mesma se faça presente em meus sonhos todos os dias…  O segundo par de luvas pertence àquela que será a mãe e responsável tanto por mim quanto por meus descendentes…

Sou um solteiro que sonha em ser pai…  Sou um pai que sonha com muitos filhos…  Sou um sonhador que tem a loucura de ter uma Família…  Sou uma alma carente de amor.

Por isso eu afirmo que o primeiro par de luvas é o DEVER, enquanto que o segundo é a ESPERANÇA

Por amor a Rio Bonito, subirei o monte, cruzarei minhas pernas, intensificarei os meus chacras e meditarei.

Por amor a Rio Bonito, serei somente o espírito, trabalhando na caridade.

Por amor a Rio Bonito, buscarei o nirvana através do silêncio.

Por amor a Rio Bonito, desligarei o meu corpo e repousarei sobre o silêncio justos.

Por amor a Rio Bonito, continuarei a cumprir minhas obrigações, pagando os impostos antes da data do vencimento.

No final, em nome de si, o amor é inconveniente e não pode ser colocado no débito automático.

Dedicado aos indivíduos que deixaram de lado suas vaidades e que lutaram pelo objetivo único de tornar o mundo melhor para seus descendentes, superando suas fobias., quando acordavam desesperados ao meio do pesadelo que lhe parecia não ter mais fim…  Pois, assim é a realidade para o Filósofo, o Artista e o Poeta…  Um  trovão,  um fio,  um  arrepio…

O homem foi expulso do paraíso porque havia um destino traçado pelo criador.  Era necessário que o mesmo aprendesse com o pecado para poder se encontrar com a criação e com o Deus vivo…  Todavia, desde o Livro de Gênesis, o homem só tem procurado o espelho e o reflexo de sua vontade, no intuito de alcançar o status inteligível e não a Deus.

 

O Século XX foi marcado, desde o início, por grandes descobertas científico-tecnológicas e efêmeros temores da alma humana.   O Século XX foi marcado desde o início pela ansiedade e pela incerteza.

Na passagem do Século XIX para o Século XX, Emilie Durkheim, o patrono da Sociologia, narrava, em uma de suas obras, o comportamento patológico ou a anomalia social4, onde centenas de protestantes e de judeus se suicidavam perante a incerteza que trazia a ideia de um Século novo (Teoria do Suicídio como fato social),  principalmente, quando os crentes daquela época acreditavam que aquela virada de século correspondia ao início do Final dos Tempos – Ideia fortemente defendida pelos apocalípticos até mesmo nos dias atuais que transcorrem o tempo presente desse escritor.

Talvez, os apocalípticos não estivessem errados, pois foi no Século XX que aconteceram as maiores loucuras até então feitas pela humanidade,  assim como, o neocolonialismo; a Primeira Guerra Mundial;  a Revolução Russa;  a Queda da Bolsa de New York, em 1929;  a Revolução Espanhola;  o Nazismo;  o  Fascismo Italiano;  o  Comunismo;  o antissemitismo; a Xenofobia;   a Segunda Guerra Mundial;  a Quebra do Tratado de Versalhes;  o Assassinato de mais de 30 milhões de seres humanos…  A quebra dos Direitos Humanos;  A era nuclear;   a Guerra Fria e suas consequências desastrosas, como a origem de outras guerras e guerrilhas…  A Revolução Cubana;  o bloqueio comercial de Cuba por parte dos americanos, assim como, a própria fome e a desigualdade social que sempre estiveram na face da terra.   No Século XX, políticos falavam e profetizavam em nome de Deus;  enquanto que outros defendiam a inexistência do mesmo.  Nesse Século, novas religiões surgiram;  renegando suas origens e atacando suas mães;   Todavia, com a mesma oratória e maior concorrência de mercado e declínio na ética.

Foi  no Século XX que os negros saíram de suas casas e foram lutar nas ruas no intuito de conquistar, não a liberdade, mas a igualdade social perante os brancos.  Pois, foi no mesmo século, que os homens, vestidos de branco e encapuzados, invadiam as humildes casas da comunidade negra e enforcavam àqueles  que pregavam a palavra de Deus e a justiça social.  Isso aconteceu nos EUA durante dois terços do Século XX.

Certamente, o Século XX foi um centenário antagônico e extremamente rico no campo científico;  pois foi nele que descobrimos a Radioatividade;  estabelecemos e definimos o conceito abstrato de energia…   Embora, tenha sido o filósofo e guerreiro árabe, Cícero, no Século VII D.C., o doutrinador da ideia da produção infinita de energia a partir da separação do átomo;   foi no Século XX que Albert Einstein descobriu a equação da Relatividade E=MC2 (Energia é igual à massa vezes a velocidade da luz ao quadrado) e, a partir da mesma, ele reestruturou o panorama da Física;  colocando a realidade humana na realidade teórica cosmopolar e nuclear.  Muito além disso, Einstein  alterou todos os conceitos básicos da física, determinando novas fronteiras para a ciência em geral…  Nasciam,  nessa mesma época áurea, os Anarquistas Epistemológicos…  os homens que são contra o método.

Foi no Século XX que o homem observou suas células da forma mais completa possível, a partir do microscópio eletrônico.  Foi no mesmo Século que a Engenharia Genética se desenvolveu;  estabelecendo conceitos básicos como DNA (ácido Desoxirribonucleico) e RNA (ácido Ribonucleico)… Foi na década de 90 que o homem clonou uma ovelha…  Em 2000, a Genética conseguiu cumprir a missão do Século:   Mapear o código genético humano através do PROJETO  GENOMA;  no intuito de preservar a qualidade da espécie no futuro.  Todavia,  o mesmo projeto quebrava todos os princípios da ética e da moral no que diz respeito à vida, impreterivelmente, quando falávamos no assunto Clonagem de seres HumanosSobrevivência.

No Século XX, foram catalogadas mais de quatro luas ao redor de Saturno, quando, antes, eram catorze…  Agora, são dezoito…  E acreditam na possibilidade de existirem, talvez, até 24 luas ao redor do mesmo.

Foi no Século XX, durante a década de 60, que o homem pisou pela primeira vez a lua;  dando início à conquista do espaço.

O Século o qual deixei para trás destruiu e criou  mitos e fobias;  reproduzindo o Método Científico, onde um Modelo melhor sobrepõe um outro…  E aquilo que antes era a verdade se transforma numa grande mentira – Afinal, a ciência mais nada é do que decodificada em puro raciocínio lógico e matemático na qual tem um único objetivo:  explicar bem aquilo que antes não tinha explicação.

No início do Século XX, a gripe levou um terço da população mundial.  Depois, veio a Tuberculose, a Meningite, o Cólera, a Malária, e, entre tantas doenças transmitidas por vírus ou bactérias, vejo o HIV (AID’S) que não tem cura ainda;   mas mantém uma forte solidariedade e muita esperança pelo Século que estamos começando a construir…  Essas doenças são fatais se não forem tratadas;  mas, pior é saber que o número de pessoas que morrem em acidentes  de trânsito ou que falecem por fome é, centenas de vezes,  maior.   – Por isso afirmo o antagonismo de nossos tempos;  pois temos muita tecnologia, mas pouco esclarecimento.  Esquecemos de nos embebedar nos ideais iluministas do Século XVIII.

No Século XX, os homens construíram Armas Químicas e Biológicas no intuito de facilitar as coisas na área de combate;   todavia, havia um problema em questão;  pois um vírus, ou  um composto químico,  não saberiam distinguir  a diferença existente entre um Soldado e um Civil… Entre um Adulto e uma Criança…  Entre um Democrata e um Republicano…  Entre um Assassino e um Inocente.

Foi nesse Século que a humanidade tentou reparar o mal que fora cometido contra os Judeus durante quase dois milênios e, impreterivelmente, durante o holocausto;  permitindo que, em 1948, surgisse o Estado de Israel.   Infelizmente, a comunidade Armênia não teve a mesma sorte;  tendo seus remanescentes vagando pelo mundo como peregrinos sem causa ou tradição…  Esses foram os frutos da Segunda Guerra Mundial e da Competição Capitalista existente entre os países do primeiro mundo no intuito de conseguir mais petróleo, mercado consumidor e poder.

Nesse Século, nunca o Estado confiscou tanto dinheiro e fez tão pouco pelo seu povo…  E aquilo que fez, foi para a erosão eólica levar antes do nascimento de meus filhos.  Mas no Século XX, muitas civilizações se destacaram na questão social, como os Estados Unidos da América, a Austrália, os países europeus, o Japão, entre outros;  pois, no final desse Século, descobriram que o mais importante para um país é a qualidade de vida do cidadão…  o resto vem com o passar do tempo, através de muito trabalho e dedicação da nação.

O Século XX foi um período marcado pelo encanto da democracia, do parlamento e da república.  Todavia, o desencanto das ditaduras,  forjado pelos oligopólios, marcou insensatamente essa época de grandes oratórias e poucas atitudes…  de política e de politicagem.

Sobre o amor, aquele também conhecido como Filos, Eros ou Ágape, nunca um Século teve tanto amor em prática como esse;  pois a humanidade do Século XX era essencialmente Epicurista por natureza…  Muito além da argumentação, a década de 70 falaria por si só no movimento do “faça amor, não faça guerra”.   Mas, também existiram  os poetas contaminados pelo Mal do Século e a boêmia, como Vinícius de Moraes ou Graça Aranha…  Poderia também falar de poetas bem menores como Nogueira Júnior.

Esse Século foi marcado pelas grandes conquistas e pelas flores, mas ambas saíram de moda…  O mesmo aconteceu com a saia longa e a aliança…  Aliás, no final do Século XX, o casamento ficou fora de moda, para não dizer…  uma instituição em extinção.

Nesse Século, o Romantismo foi substituído pelo Realismo… O Realismo pelo Simbolismo…   O Simbolismo pelo Surrealismo,  pelo Dadaísmo entre outros “ismos”.  Foi , no Século XX, que o Modernismo e o Pós-Modernismo edificaram novas regras e quebraram as fronteiras dos estilos e épocas…  Foi no mesmo Século que a Sétima Arte, o Cinema, ganhou luz, cor e forma…  Ravel compôs e exaltou seu estupendo “Bolero”… A Pintura nunca mais foi mesma, como mais nada nesse mundo;  pois o Século XX foi o centenário das revoluções…  E assim foi de Salvador Dali ao Super Homem…  dos Beatles ao U2…  de Ravel ao Violeiro do Caos…  de Charles Chaplin aos eloquentes e visionários da Arte por si mesma.

No Século XX, foi construído o primeiro computador…  No mesmo Século, o homem foi se adaptando à máquina e a máquina ao homem.  A informação era instantânea;  pois tínhamos a telefonia convencional e celular,  como a W.W.W. onde as crianças já nasciam com arroba (@) marcadas na testa.  Nós estávamos na era digital…

Durante a Guerra da Bósnia era possível ver, em tempo real, um pai de família levar um tiro de fuzil no tórax, enquanto que sua filha de oito anos tentava tampar a cratera feita no peito  dele…  Esse era o sadismo do Século XX, assistir, na segurança do lar, o horror do mundo;  montando uma escola familiar de violência.

Nunca, até então, um Século defendeu tanto a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade ao meio de tanto antagonismo e de tanta ebulição.

Nunca, até então, um Século se fez tão marcado pelos erros como  o Século XX;  pois  as drogas foram exaltadas como deuses da antiguidade na constante fuga da realidade.  A Cannabis Sativa, vulgar “Maconha”, por exemplo, envenenou a juventude americana desde a década de 20, se estendendo até a atualidade.  A cocaína, embora proibida, deixou de ser o símbolo da marginalização popular,  se tornando o bem de consumo da elite.

Durante o Século XX, inventaram aviões, carros, navios, foguetes, estações espaciais…  Brincaram de Deus com a própria criação:  Estabeleceram as regras da sobrevivência, da criação e, principalmente, da destruição em massa de nossa própria espécie.  Nesse Século, inventaram de tudo um pouco…  Exceto, uma fórmula que conseguisse conter nossas VAIDADES e INSEGURANÇAS…  e, ironicamente, aumentaram nossas INCERTEZAS quando o intuito era de bani-las do nosso contexto.

No Século XX, mantiveram as coisas em pé… Mas até quando?  A que custo?  – Talvez o preço tenha sido o próprio Egoísmo que ocasionou a solidão que ainda se encontra dentro de  nossos corações.

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