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De verdade em verdade, existe uma força que faz os homens trabalharem em prol da sociedade, não porque eles desejam;  mas, porque necessitam.   Todavia, há um contrato abstrato que une um por um.  O mesmo fenômeno se repete em todos os tipos de relacionamentos sociais. É a fé no contrato que torna tudo possível, uma pessoa confiando sua segurança a outrem e a sociedade assegurando a individualidade de cada um, numa relação de troca e benefício.  Poderíamos dizer que tudo isso seria um sonho, se não fosse verdade.

A consciência coletiva é superior à soma de todos os indivíduos que compõem a sociedade, porque todas as pessoas sonham e o sonho é superior a própria consciência humana.  É por isso que nós inventamos coisas incríveis todos os dias no intuito de quebrarmos a rotina e de realizá-los.  Todavia, há um elemento primordial para que os mesmos e o resto da realidade funcionem: – O amor, filho da prudência com a pobreza, patrono do heroísmo e da rebeldia, idealizador da disciplina e da devoção.

O Amor…  Talvez não haja adjetivos ou vocábulos para defini-lo…  Eros…  Filos… Ágape…   Decerto, essa palavra não possui um conceito claro ou coerente nas classificações gramaticais de nossa norma culta ou nas exatidões determinantes das ciências naturais.  Sua medida e valor são de caráter incomensurável.  A unidade mais precisa para medi-lo seria o carinho e a saudade.   O resto se resume em meras palavras rebuscadas e bem colocadas, sob o ápice da irresponsabilidade, apelidadas de inspiração, arte ou  fanatismo.

O amor só se manifesta quando ganhamos tudo ou quando não temos mais nada a perder.  Quando estamos todos reunidos ou quando a solidão é a única companheira que nos consola.  Quando defendemos cegamente os afetuosos ou quando somos justos para manter o juízo.  O amor só se manifesta quando estamos insanos ao meio de tanta normalidade.    O amor só se manifesta quando queremos o certo, mesmo estando o resto do mundo errado.  Quando perdoamos no momento em que deveríamos odiar.  Quando inspiramos, ao invés de tão somente desejarmos.  Isso acontece, porque estamos fortes quando parecemos fracos, ou fracos quando não temos mais nada a temer.  Isso acontece, porque o amor é sábio assim como sua origem divina.

O amor é feliz quando se está feliz  e  triste quando se está triste.  É a canção universal sem notas e melodia ou a escrita  indecifrável do analfabeto.  Ele é o irracional para os homens e o racional para o concreto.  A diferença entre  a verdade e a mentira.

Eu nunca amei ou fui amado. Mas, é de tal forma que idealizo o amor: “Como a arte de compartilhar com outrem, tendo alguém para cuidar e ser cuidado, e, no final, não ver o mundo perder o sentido, como vi acontecer, um dia,  a um descrente desencantado com a luz da lua.”  

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