Valor do erro e da aprendizagem no crescimento profissional e organizacional

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Ainda é comum o modelo da empresa da escola burocrática pós-guerra, com vários níveis hierárquicos, focalizando a papelada, o controle e a disciplina. Nesse modelo, a norma vem antes da produtividade e da eficiência, porque, antes de produzir, o importante é obedecer. Coincidências de lado, não precisa ser um gênio para concluir que considerável parte do modelo da escola burocrática se baseia na vida militar, com sua hierarquia, ordens e missões.

Por exemplo, o general precisa que uma determinada ponte seja destruída, objetivando executar o restante da estratégia por parte do seu exército. A missão é transmitida ao coronel, que passará pelo tenente-coronel, que passará ao major, que passará ao capitão, que montará a equipe tática e operacional, que será liderada pelo 1º Tenente, que só terá o conhecimento necessário para o cumprimento da missão.

Na primeira hipótese, a ordem é simples e objetiva: – Destrua a ponte as 08:00 horas. O 1º tenente executará a ordem e com sua equipe, para que a missão tenha o resultado esperado. E assim, a ponte foi explodida, com um pouco de resistência, mas no horário estimado e com algumas baixas.

Na segunda hipótese, a equipe está com tudo pronto para explodir a ponte as 08:00 horas, mas existe um problema: – Há um grupo de crianças atravessando a ponte, justamente no horário da missão. O tenente improvisa, objetivando cumpri-la e poupar o máximo de vidas civis. Entretanto, a decisão comprometeu o fator surpresa, enquanto o tenente teve que explodir a ponte com as crianças e a maior parte do seu grupo para que o horário fosse cumprido.

Nas hipóteses das simulações militares da segunda guerra mundial, o fato mais curioso é que o general recebeu o telefonema na segurança do seu quartel general, informando que a missão foi cumprida com êxito, pois a ponte foi destruída, exatamente, as 08:00 horas, quando o comboio do eixo alemão estava do outro lado do leito do rio. A guerra tem o poder de coisificar a vida humana, para computá-la em baixas ou voluntários. Na atualidade, a guerra foi transferida para o mercado. As nações são as empresas, o exército é composto por colaboradores, que seguem a hierarquia, recebem as ordens para cumprirem as missões. Seguindo a mesma analogia, pontes são destruídas todos os dias na competição feroz do capitalismo.

Quando o líder está no meio do fogo cruzado, somente ele e a equipe poderão dar as respostas momentâneas às circunstâncias, por maior que seja a hierarquia da organização. O trabalho em campo exige a autonomia, que a maioria das empresas públicas e privadas não permitiriam no cotidiano, não pela questão do certo ou do errado, mas pela vaidade em deter o poder da palavra final, mesmo que isso custe vidas, os dividendos dos investidores e sócios ou a manutenção do seu próprio emprego.

Quem foi que disse que tomar a iniciativa e decidir seria algo fácil? – No final, se der certo, todos ganharão. Mas, se der errado, a culpa será sua e somente sua. Assim nasce o peso da responsabilidade, personificado no modelo da crucificação, materializado na demissão. Todavia, como não estamos na Idade Medieval, podemos valorizar o erro, usá-lo como modelo para novas soluções, através da experiência de campo do profissional na transmissão do seu conhecimento, na hora do treinamento e do desenvolvimento de outros colaboradores, pois, na atualidade, errar não é somente humano, mas é uma fonte de conhecimento para novas decisões e a construção de novos modelos de gestão.

 

Por Nadelson Costa Nogueira Junior

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