Transgressão

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1919

Participei pouco dos movimentos populares, tais como passeatas, protestos, greves, micaretas, carnaval ou qualquer outro nome que seja dado ao aglomerado com mais de três pessoas, porque isso já seria considerado formação de algo reacionário na pós-ditadura. Não que eu desejasse lançar pedras no inimigo ou me jogar insanamente na folia. O problema era que as situações sempre demonstraram ter maior relação com o ego e a história do indivíduo do que com a sociedade e os fatos em si.
Minha transgressão foi justamente seguir a corrente majoritária, utilizando do cinismo e da ingenuidade, quando sou consultado ou exponho minha opinião. Embora que, na maioria das vezes, tenha preferido ficar em silêncio para provocar a dúvida nas mentes preguiçosas. Pois, para esse tipo de gente, o silêncio machuca mais que a pergunta da interrogação, a força do imperativo e a emoção do ponto de exclamação.
Transgredi algumas regras sociais e a opinião pública, quando decidi escrever sobre o mundo, através da ótica dos meus olhos míopes e estrábicos, valorizando o sentimento e a fé no abstrato.
Transgredi o mundo, quando decidi ficar na mão direita da sociedade, pagando os impostos em dia, mesmo entrando no cheque especial. Minha transgressão é tentar fazer o certo, mesmo quando muitos insistem em seguir na contramão.
Não ficarei rico, como não terei fama. Todavia, se me for permitido, espero dormir o sono dos justos na minha cama, mantendo o coquetel molotov debaixo do travesseiro, só por precaução.

Por Nadelson Costa Nogueira Junior

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